domingo, 28 de novembro de 2010

Espera[ança]

Pode ser que nada seja como você 
espera.
Agora é só esperar para ver

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Mestres d[a] obra

RITO

Cadê o queijo que estava aqui?
O gato comeu.
Gato filha da puta


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HAPPY END

o meu amor e eu
nascemos um para o outro

agora só falta quem nos apresente




Os dois são poemas de Cacaso, li o livro, me encantei e resolvi postar, talvez depois eu poste Millor Fernandes
 (se eu achar o meu livro dele, claro! )

segunda-feira, 8 de novembro de 2010


No restaurante tocando ao fundo uma dessas sinfonias numéricas
de um desses alemães,
tomo delicadamente o meu drink azul
como o Danúbio.
A mulher da mesa vizinha arruma o cabelo compulsivamente
Nervosa
O amante não chega
O marido pode ficar sabendo
Imagina a cara das filhas quando o pai contar que a mãe é uma piranha. Coitadas.
Entra um homem a passos largos no exato momento que o piano grita em lá maior
Tomo o último gole do danúbio
ergo o braço suavemente
e faço o gesto de mais um para o garçom
enquanto ele providencia outro desses para mim 
levanto, dou um tiro para o alto,
acerta o lustre
- pensei que já não tinha mais essa pontaria -
e outro certeiro na moça da mesa vizinha
Isso é para ela aprender a nunca mais trair o marido
Viro para trás, um tiro no rapaz que entrou por último
Isso é para ele aprender a não atrapalhar a música alheia
Sento novamente
mando tocar outra musica
e o meu danúbio chega lindo,
resplandecente, num copo que
parece querer limitar a sua
infinitude, dou o último tiro:
no copo
Isso é para ele aprender a não querer restringir os poderes dos outros
O drink vai escorrendo devagar pela mesa, pelo chão, buscando seu caminho, fazendo seu curso, até a foz, isso quando se mistura ao sangue preso ao tapete: é o encontro dos mares. O danúbio vai de azul a rubro. Eu levanto, deixo uns trocados na mesa. Vou embora.  Vejo bem onde piso, nada de sangue nas minhas solas. Não posso me esquecer de deixar um dinheiro para o pianista e de comprar mais balas.

Lá fora o Danúbio é mais uma vez azul para os apaixonados
Se o que quer é
parecer original,
escreva um poema
pois por mais que
tudo já tenha sido
dito
cem mil vezes
basta
colocar uma vírgula que
o texto alheio
passa a ser
paráfrase

Observação: tente colocar uma vírgula entre o sido e o dito, ou entre o dito e cem. E leia novamente. Divirta-se

domingo, 7 de novembro de 2010

Olhar para a frente

- nunca para trás

Sorrir para a câmera

- e esperar o flash

fatal

É esse o retrato (ou seria retrato uma

palavra muito obsoleta) de uma

geração.

gerada sem memória,

por dáblios e dáblios e dáblios

e dotada de um conhecimento

único

adquirido em

espelhos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

happy pills

o hipocondríaco insiste em dizer 
que essa tosse é princípio de pneumonia 
que esse pequeno arroxeado 
é câncer de pele que
a dor latente no braço esquerdo é infarto 
que tudo é infecção 
que esses são exatamente os sintomas da super-bactéria 

Parece exagero?

O hipocondríaco acreditava que aquilo era mesmo amor  

Observação: Todos sabem, hipocondríacos ou não 
que quis quis kiss não levam a lugar nenhum.
Nem a farmácia

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre deus e o mundo

Sobre rodas ela vê o mundo
Sobre o mundo ela acha que sabe tudo
Sobre tudo ela tem que chegar a tempo de encontrar o namorado
Sobre o namorado, é apenas mais um desses meninos  
Sobre meninos ela não sabe muito, e tem vergonha de perguntar